Hora de…. RPG?

Dungeons

Quando eu comecei a assistir Hora de Aventura, não havia motivo maior. As referencias do mundo dos RPG’s eram algo tão claro que eu não podia deixar uma serie daquelas passar em branco, “claro” pensei “é uma grande homenagem ao melhor do mundo dos jogos”, pelo menos no inicio pensei ser somente isso. Mas a história foi tomando algo totalmente seu, o que no principio parecia ser apenas uma brincadeira LOTADA de ótimas referencias se tornou algo maior, sem deixar de tê-las, é claro; mas algo único.

Grandes escritores descreveram mundos mitológicos com base nas culturas medievais em seus livros. Muitos desses escritores foram esquecidos, mas outros criaram bases sólidas para nossa cultura no gênero “fantasia”, como J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis, H.P. Lovecraft, Lewis Carrol, Robert E. Howard e muitos outros, tanto que prefiro não criar uma lista. A partir de alguns desses a ideia de estar inserido nessas realidades nunca fora descartada, as pessoas se encantavam com a possibilidade de um dia conhecer elfos, anões, hobbits (ou halflings) e lutarem contra goblins, orcs, dragões e lordes da escuridão.

E foi aí, um dia, talvez jogando um jogo de tabuleiro ou lendo um “livro-jogo” que fora criada a ideia do Role-Playing Game (por Gary Gigax e posteriormente melhorado por Dave Arneson), ou jogo de interpretação. E esse plano deu origem a quase tudo que conhecemos hoje, inclusive o mais famoso RPG de mesa Dungeons and Dragons(D&D), ou Masmorras e Dragões! Olha, se você acha que daí veio o famoso “Caverna do Dragão”, é exatamente isso.

A partir de D&D, muitos outros sistemas foram criados e deles histórias e mais histórias moldaram o nosso conhecimento cultural pop.

E o que isso tudo tem haver com Hora de Aventura? Caraca, sacou não? Hora de Aventura, em sua ideia original e em sua maioria quase absoluta de episódios têm pesadas referencias a todos os momentos possíveis para se viver em uma aventura de RPG, resgatar princesas, derrotar feiticeiros do mal e até mesmo ter O Lich como inimigo (sério cara, quem joga RPG já deve ter tido pelo menos UM como seu inimigo, se não tiver é por que estava jogando como um). Vamos começar a mostrar algumas referencias no desenho que claramente estão baseadas em RPG e mais tarde em outros estilos de jogos, até mesmo digitais: Em D&D nós escolhemos para nossos personagens algo que se chama tendência ou “alinhamento” que consiste em dizer se você é bom, mau ou neutro e leal, caótico ou neutro. Quando um personagem por mais que a interpretação seja livre, se o seu personagem for mau, mas ficar tomando decisões neutras ou bondosas ele vai começar a perder pontos de experiência, sofrer penalidades do mestre até trocar o alinhamento dele. E olhem essa cena no reino de fogo:

“Então a princesa de fogo é má, ou tipo caótica neutra?”

“Ela é má.”

 

“Mas você não acha que se um cara realmente bom gostar dela, ela poderia mudar para boa?”

“Ela receberia penalidades na experiência por agir fora do alinhamento.”

E não somente essa referencia, observe a logo da terceira edição de D&D:

Já viu isso em algum lugar né? É rapaz…

A logo de The Legend of Zelda também foi uma boa referencia:

Um dos momentos em que isso fica mais claro é na abertura, é uma maneira bem clássica de se apresentar seu personagem em uma narrativa de RPG. Supondo que eu tenha um ladino elfo chamado Vilka, a sua apresentação seria: Vilka, O Elfo… Então?

“Jake, The Dog and Finn, The Human”.

É rapaz… VALT OF BONES! Que coisa linda cara, referencia direta de D&D, explorar um calabouço ver se existe um grande inimigo lá, caçar tesouros, encontrar itens, procurar uma chave para um baú, descobri um grande mal, usar poderes e investigar. Quer mais? Esse episódio foi uma bela sátira a uma aventura de RPG. E ainda teve o impossível dentro de uma aventura, um casal.

Durante todo o calabouço Finn pede para que antes de lutar a princesa de fogo intimide os inimigos (monstros) primeiro, algo muito usado em D&D para evitar batalhas e ainda ganhar o que quer.

Dungeon train é um ótimo exemplo, vejam que existem dois tipos de filhos virtuais do RPG clássico bem referenciados nesse episódio, um é o Dungeon Crawler, um modo de jogo de rpg em primeira pessoa que você anda por estreitos calabouços, sem ter total noção do que lhe espera além daquilo, como Phantasy Star 1 e 2, Might and Magic dentre outros que fizeram maior sucesso na década de oitenta e noventa. Outro estilo é o famoso MMORPG, um dos estilos, por mais triste que seja, mais reverenciados de rpg atualmente e que se diferencia pelos itens chamativos e efeitos visuais constantes.

 

Phantasy Star 1

Might and Magic X Legacy

Logo no começo do episódio Finn ao entrar no calabouço (trem) ele encontra uma criatura cheia de itens estranhos, mata-a e ganha um saque (em inglês Loot). Fora isso, o tempo lá dentro passa muito rápido como num rpg online e o Jake ainda diz, “sei lá é tudo sempre tão repetitivo aqui dentro. É meio entediante.”

Jake começa a tomar lugar de um sidekick nesse episódio, ele se torna apenas um burro de carga. Uma referencia até a O Senhor dos Anéis com o Sam e o Frodo. Mas algo começou a preocupa-lo sobre o Finn, a continuidade no calabouço estava estranha e o Finn claramente recebeu um grande Mal. Ele se viciou. Já não importava o quanto as coisas estavam repetitivas, ele precisava jogar por que sim!

Mas no Finn das contas deu todo certo e o Finn abdicou de seu vicio. Em “Wizard Battle” podemos ver um Crawler sendo invocado de outro plano, esse mesmo é bastante semelhante a um antigo monstro do DnD.

Adventure Time Crawler

DnD Crawler

Card Wars, alguém já ouviu falar de Magic the Gathering, Pokémon Trading Card Game ou Yu-Gi-Oh? Pois é, são jogos de carta bastante famosos na atualidade e em boa parte tiveram sua origem no RPG. E por que eles ficariam de fora de receber uma homenagem da nossa querida animação?

Card título

A espada do Finn é baseada na espada dos Seraph, do jogo Heroes of Might and Magic 5, servos da civilização “Heaven” que tem como maiores inimigos a civilização dos demônios. A espada e roupas do Seraph são vermelhas por conta da quantidade de sangue de seus inimigos derramados nas batalhas por suas mãos.

Demon’s Blood Sword

Arcanjo

Seraph

O episódio “Dungeon”, “What have you done” e “Dad’s Dungeon” receberão uma publicação somente para eles.   Por enquanto é só galera! Aguardem a próxima matéria e deixem ai seus comentários, notou mais alguma coisa, acha que tô viajando, concorda, deixa ai!!

Artur Teixeira

 

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3 pensamentos sobre “Hora de…. RPG?

  1. Nunca joguei RPG, mas os conheço bem para dizer que está completamente correto.
    nunca havia pensado nisso, mas realmente, as maiores referencias são de RPGs, claro, não deixa de ter outras referencias, mas grande parte delas é sobre esse tipo de jogo.
    Muito boa a observação, bem legal 🙂

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  2. Apesar de muitas referencias, podemos dizer que não é completamente igual, Podemos ver os dragões monstros fundamentais em Jogos de RPG ,digamos que o nome é Dungeons and Dragons! o Finn luta com muitos dragões e tals, porém os dragões são muito estranhos (parecem águas-vivas ou sei lá) .
    No Episódio Valt of Bones (Citado no texto) eles lutam com o um dragão muito semelhante a um Golem ancião de osso de dragão (Um dragão é claro).
    Acho que o Pen mudou muito os dragões para não ter muitas semelhanças ao jogo, porque se deixasse os dragões iguais qualquer mané ia sacar que foi completamente (ou quase) baseado em D&D (Porque como disse eles são fundamentais em jogos de RPG).
    Bem, é isso que gostaria de dizer!

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    • Não somente isso, Amabile. O fato é que nada está em sua forma clássica dentro de Hora de Aventura. As referencias são sim de rpg e muitas outras coisas, agora a forma pode ser a que eles bem entenderem. Pelo olhar do mundo de Ooo, tem um lagarto gigante que tosta as pessoas e voa, dizem os mitos antigos que o nome desse tipo coisa é dragão, logo esse é o nome. Seria algo muito estranho se a mutação que o mundo sofresse fosse diretamente levada para a concepção comum de orcs, goblins, elfos e outros seres bastante conhecidos nas boas e velhas aventuras de rpg e histórias épicas.

      Abraços,

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